domingo, 27 de março de 2011

Ser evangélico: sabedoria ou fragilidade?



Por Diego Bruno de Souza Pires


Servo do Senhor Jesus Cristo


Por certo, muitos não terão coragem de ler ou concluir a leitura deste texto, não porque desacreditam em Deus ou numa força superior que vem dos céus, mas porque essa literatura está elencada como “cafona”, texto auto-ajuda, que foge totalmente da metafísica mundana. Na verdade, o mundo moderno tem uma visão preconceituosa de temas religiosos, vez que são acostumados a viver no chamado “comodismo cibernético”, o qual incentiva o menosprezo ao apego espiritual em face da valorização materialista.


Esse comodismo materialista é uma doença, posto “enjaular” os indivíduos na gaiola da mediocridade intelectual, sem que ao menos tenham vontade de saírem de suas posições, buscarem crescimento, evolução espiritual. Esse sistema trata os indivíduos como ratos biológicos: correm em esteiras elétricas que nunca saem do mesmo lugar, não mudam de vida, de pensamento, de atitudes... buscam apenas prazeres em respostas plastificadas, prontas, já concebidas, incapazes de provocar mudanças, arrependimentos, entregas a Deus.


Nesse mundo de valoração materialista, as coisas chegam a ter mais valor que as pessoas. A essência do caráter fica desprezada em prol da aparência, maquiagem, imagens vazias. O gnosticismo cultural cursa de prevalência em face da verdadeira palavra de Deus. Os homens estão mais fascinados pelas ficções humanas do que pela realidade divina. A inversão dos valores, sem dúvida alguma, desmoralizou tudo aquilo que havia de mais precioso numa sociedade: comunhão com Deus, o amor pela família, amizade, felicidade e, sobremaneira, a fé.


Infelizmente, vivemos épocas caóticas. Na maioria dos casos a família não tem sido mais o porto seguro do jovem, e sim, barreira que atravanca seus objetivos juvenis. Os pais não são mais significado de “célula mater” concebida por Deus para sustentar os passos dos “pequeninos”, mas semelhante a um objeto arcaico, provinciano e fora de “moda”, incapaz de ditar valores no mundo livre.


A amizade gravita sob interesses. Aqueles que tiverem mais posição social, usar roupas da moda, ter os mesmos hábitos e desejos serão aceitos pelo grupo de amigos. O contrario disso, é ser cafona, diferente. A felicidade está alicerçada em bases superficiais, que ao menos estão solidificadas no cimento da necessidade, todavia, inspirada na futilidade e no desejo consumista compulsivo: “quanto mais tenho mais realizado serei”. A fé, por sua vez, é valorada sob outro viés. A fé tem sido resumida na crença materializada, objetiva, mercadológica, e não em fatores subjetivos espirituais, como mudança de caráter, evolução moral, crença no amor de Deus e na alegria que ele nos proporciona. Tudo isso nos faz refletir!!!


Há um bom tempo venho indagando os motivos que me levaram a ser evangélico. Muitas pessoas podem até não acreditar nos relatos deste texto, na sinceridade destas palavras, nos verdadeiros motivos que me levaram a conhecer Jesus Cristo como meu Salvador e Senhor. Sei que cogitarão a idéia da influência de colegas ou da minha noiva, sustentando a possibilidade de existir em mim uma fragilidade emocional capaz de vunerabilizar todas as minhas defesas psicológicas ao ponto de eu descer do palco da minha consciência e sentar-me na platéia do fanatismo hipnótico, passando a ser dominado pelas vontades e caprichos de liderança religiosa. Lógico que pensarão dessa forma!!! Muitos já me revelaram essas palavras...


Contudo, irmãos, de uma coisa eu tenho certeza: eles não sabem como eu tenho sido feliz e honrado por Deus. Não imaginam o que há dentro do meu coração, a força que há dentro de mim, o patamar espiritual que Deus me colocou. Minha vida nunca poderia ser a mesma, haja vista o que Deus tem revelado e preparado para mim diariamente coisas maravilhosas.


Antes eu era um vaso feito com barro velho, ressecado e rachado, cheio de infiltrações, mas Deus mudou a minha vida, fazendo de mim um vaso novo, lapidado pelos seus ensinamentos e projetado para servir aos que estão sedentos de água e de pão.


Irmãos, Deus muda as nossas vidas, libertando-nos do medo de sonhar e ser melhor em ações, gestos, olhares e coração. Ele é o único que pode nos livrar da morte e preencher o nosso espírito com a esperança, afastando o vazio que há no nosso ser e semeando ideias em nosso intelecto. Então, como podemos ser frágeis ao ponto de dominarem os nossos pensamentos e usurparem o nosso ser? Não, não pode!!! O homem de Deus é inteligente e absolutamente capaz de saber quem está seguindo e servindo. Somente por questão de referência bíblica, é salutar expor a dicção do sábio provérbio 4: 5-9, vejamos:


“Procure conseguir sabedoria e compreensão. Não esqueça, nem se afaste do que eu digo. Não abandone a sabedoria, e ela protegerá você. Ame-a, e ela lhe dará segurança. Para ter sabedoria, é preciso primeiro pagar o seu preço. Use tudo o que você tem para conseguir a compreensão. Ame a sabedoria, e ela o tornará importante; abrace-a e você será respeitado. A sabedoria será para você um enfeite, como se fosse uma linda coroa”.


Dessa forma, o sábio provérbio já ventilava a necessidade do homem de Deus em seguir a sabedoria e a compreensão, para que não fosse dominado ou explorado pelo que não proviesse do Senhor. A sabedoria e a compreensão deveriam ser amadas e guardadas dentro do intelecto do servo de Deus, para que sua liberdade não fosse obrigada a se curvar ao engano mundano. Deve-se compreender, ainda, que um homem que se entrega de corpo e alma ao Senhor Jesus Cristo não sofrerá exploração ou usurpação psíquica. Todavia, adquirirá compreensão suficiente para se proteger, tornando-se, aos olhos de todos - um grande vitorioso.


Sem sombra de dúvidas, os incrédulos terão mais facilidade em acreditar que a doutrina religiosa foi capaz de fazer uma “varredura” no meu cérebro, causando, pois, uma violenta lavagem cerebral [assim como muitas vezes tenho escutado dos mais próximos], do que crer que Deus realmente tocou em meu coração e renovou o meu ser. Das insanidades dos terceiros eu não me assombro, posto que o Apóstolo Paulo já havia alertado isso nas escrituras sagradas. Observe:


Em vez de adorarem ao Deus imortal, adoram ídolos que se parecem com seres humanos, ou com pássaros, ou com animais de quatro patas, ou com animais que se arrastam pelo chão. Por isso Deus entregou os seres humanos aos desejos do coração deles para fazerem coisas sujas e para terem relações vergonhosas uns com os outros”.(Romanos 1:23 e 24).


Para muitos, as minhas mudanças POSITIVAS não cursam de reconhecimento algum. Por eu não aceitar a cultura da tolice, do engano e da masmorra conformista, sou “apedrejado” pelas críticas irracionais. Na compressão social mundana, não sou livre para ser o que desejo, uma vez que não aceito ser intimado a participar do mesmo elo conformista de involução de alguns, inspirado na cultura do imbecil coletivo. Esse sistema cultural preza pelo sentimento de rebanho: “aonde um vai, o outro tem que ir atrás”, sem ao menos ter a liberdade de questionar e refletir qual o melhor caminho a ser seguido.


Numa sociedade caótica como a nossa, que se entrega a inversão de valores morais, jovens com boas intenções, que não bebem, não fumam, nem se entregam aos sentimentos do acaso, são motivos de afronta e pirraça social, sendo alvos do que intitulamos de “apedrejamentos” sociais. Para os “foras de ordem”, normalidade não está nas atitudes de um jovem consciente com a sua vida e com a moralidade cristã, que não fuma, não bebe e não foge de casa para freqüentar as baladas, mas está respaldada da imbecilidade com a vida e afronta com os princípios de amor a Deus.


E assim, preservando a minha consciência em Deus e a minha liberdade em Cristo Jesus, transcrevo as palavras do rei DAVI quando em sua mais profunda angustia:


“Filhos dos homens, até quando convertereis a minha glória em infâmia? Até quando amareis a vaidade e buscarei a mentira? Sabeis, pois, que o Senhor separou para si aquele que é piedoso; o Senhor ouvirá quando eu clamar a Ele. (...) Muitos dizem: quem nos mostrará o bem? Senhor, exalta sobre nós a luz do teu rosto. Puseste alegria no meu coração, mais do que no tempo em que se lhes multiplicaram o trigo e o vinho. Em paz também me deitarei e dormirei, porque só tu, Senhor, me fazes habitar em segurança” (Salmo 4).


E aí! Qual resposta você daria depois de tudo isso? Será realmente que ser evangélico é ter fragilidade? Não ter domínio das suas atitudes e ações? Pode ser que a caça virou-se contra o caçador. Será que não é você que não domina suas forças intelectuais, não sendo livre de si mesmo? Será que até seu medo de pensar e de poder ser diferente numa sociedade fóbica, não seja o motivo desse seu jeito arcaico e provinciano de construir seus pensamentos medíocres, menosprezando o seu irmão?


Chegou o momento de pensar melhor!!! Eu sou feliz e livre em meus pensamentos, pois Deus há milênios libertou o povo Israelita do Egito, direcionando-os para a alegria de uma nova terra, de uma nova aliança...


Aonde você se encontra??? Será que está no Egito ou na terra que emana leite e mel??? Pense bem, pois isso eu sei muito bem fazer...


Que Deus seja louvado em nossas vidas!


ORAÇÃO

Deus, não consintas que eu seja o carrasco que sangra as ovelhas, nem uma ovelha nas mãos dos algozes.

Ajuda-me a dizer sempre a verdade na presença dos fortes, e jamais dizer mentiras para ganhar os aplausos dos fracos.

Meu Deus! Se me deres a fortuna, não me tires a felicidade;

Se me deres a força, não me tires a sensatez;

Se me for dado prosperar, não permita que eu perca a modéstia, conservando apenas o orgulho da dignidade.

Ajuda-me a apreciar o outro lado das coisas, para não enxergar a traição dos adversários, nem acusá-los com maior severidade do que a mim mesmo.

Não me deixes ser atingido pela ilusão da glória quando bem sucedido e nem desesperado quando sentir insucesso.

Lembra-me que a experiência de um fracasso poderá proporcionar um progresso maior.

Ó Deus! Faz-me sentir que o perdão é maior índice da força, e que a vingança é prova de fraqueza. Se me tirares a fortuna, deixe-me a esperança.

Se me faltar a beleza da saúde, conforta-me com a graça da fé.

E quando me ferir a ingratidão e a incompreensão dos meus semelhantes, cria em minha alma a força da desculpa e do perdão.

E finalmente Senhor, te rogo, nunca Te esqueças de mim! Ainda que um dia o meu juízo possa se afastar de mim, não esqueça-me.