domingo, 11 de setembro de 2011

Porque ir a igreja?


Diego Bruno de Souza Pires
Servo do Senhor Jesus

Certa feita estava eu em companhia de alguns amigos projetando alguns diálogos internos. Como de costume lá em Pernambuco – especificamente em meu torrão natal - intitulamos esses momentos como de “jogar uma conversa fora”, ou seja, divagar sobre assuntos não inseridos em pauta, não pensados para a ocasião, buscando, tão somente, examinar a nossa compreensão pelo termômetro do bom senso dos demais contracenantes.


Percorremos assuntos diversos. Falamos de política, da nossa história, de futebol, de economia, de direito e, por fim, debruçamo-nos nos fascínios da religião. Como bem sabemos, sempre há aqueles de sangue quente, geniosos, que pensam vencer um debate se postulando com a fala estrondeante e à luz de uma influência política demagógica alucinante. Quando debatemos com esses, não há o que dizer, pois tudo vira algazarra consumista. O melhor remédio é o silêncio.


Esquecem os desatentos articuladores que um discurso pode até ser duelado sob o sustentáculo da erística, mas, evidentemente, a verdade, se bem posta, tem sempre seu lugar reservado nas primeiras fileiras do teatro da razão.


Lembro-me de que um dos amigos me perguntou se era necessário ir à igreja para se encontrar com Deus, se não era possível encontrá-lo em sua casa, no refúgio do seu quarto. Alegava que Deus já estava em seu coração, não era mais necessário conhecê-lo. Num primeiro exame de argumentação de confronto, eu sabia que aquela pergunta fazia parte de uma armadilha dialógica que ele havia reservado na “manga” para desorganizar o meu intelecto. Contudo, não me deixei abater. Eu sabia muito bem as sutilezas do diálogo, principalmente por haver me preparado muito bem contra armadilhas de surpresa.


Naquele instante pude perceber que aquelas pessoas se colocavam como seres bastante espiritualizados, apresentados num patamar de elevação de consciência do qual - para eles - eu ainda não havia alcançado. Eles se mostravam como seres dispensáveis de oração ou qualquer ajuda espiritual, pois eram bem resolvidos com as suas mazelas espirituais.


Eu sabia que não adiantaria me esgoelar de falar da palavra de Deus para tolos. Conforme já alertava o rei Salomão, com toda a sua sabedoria: “O tolo não se interessa em aprender, mas só em dar as suas opiniões”. (...) “quando o tolo começa uma discussão, o que ele está pedindo é uma surra”. (Provérbios 18: 2; 18: 6). E, a propósito, lembrem-se de que no instante em que for possível ao tolo expulsar uma enxurrada de “compreensão e perspectiva” científicas para lhe desarticular da posição de propagador da palavra de Deus, o fará sem qualquer cerimônia.


Na verdade, eu taxaria aqueles discursos como “neutralizadores”, truncados, sofistas, capazes de desestabilizar social e até emocionalmente o protagonista confrontante. Quantas vezes eu quis falar da palavra de Deus, do que Ele havia feito em minha vida, mas, muitas vezes, fui surpreendentemente “cortado” do assunto, sob as seguintes premissas: “Deus é único”, “Deus não é somente seu”, “A humanidade já o conhece”, “A minha igreja também é de Deus”...


Quantas vezes cheguei a me imaginar inconveniente, chato e metido quando no meio deles. As pessoas não me compreendiam por simplesmente ignorar qualquer coisa que fizesse alusão à mudança. Seja uma mudança de olhar, de pensamento, de sentimento, ou até mesmo uma simples mudança de calçada (atravessar a avenida), os seres humanos manifestam comodismos, medos e desconfianças.


Percebi que aquelas pessoas se apresentavam como tolas simplesmente para defesa de uma convicção descoberta de base. Enganavam suas próprias consciências tão somente para manterem intactas antigas escolhas. Embora alguns soubessem estar enganados pela frágil razão sustentada – pois conheciam da bíblia melhor que eu – não queriam mudanças.


Para muitos deles era mais cômodo seguir os mesmos passos dos seus pais, que desbravar a razão que havia dentro de suas consciências. Eles liam a bíblia e sabiam que muito do professado pelos seus pais não era condizente com o texto, mas mesmo assim seguiam no erro.


Era melhor criar defesas (que sabiam infundadas), sustentando o erro de toda uma geração, do que revolucionar a razão da sua consciência, tornando-se desbravadores da verdade e novos seres inspirados pela força da fé.


Ressalte-se, ainda, que muitos deles compreendiam perfeitamente, aceitavam, e até sabia a localização do texto bíblico discutido, mas não se entregavam. Fundamentavam suas defesas contra as passagens bíblicas, e, a contrario sensu, diziam-se seguidores dos mandamentos bíblicos. Era uma loucura!


E eu dizia: - ou você segue, ou não segue a bíblia, uma vez que a palavra de Deus não tem meio termo. Ou você segue, ou não. Como já revelei, tinha deles que conheciam a bíblia muito bem - melhor que eu - ao ponto de saber que minhas palavras estavam confirmadas nas escrituras sagradas, não eram mentirosas.


E assim, veio ao meu pensamento as seguintes indagações: se o templo não fosse tão importante para o Senhor, porque Jesus expulsou os “roubadores” da porta do templo? (Cf. Lucas 19: 45-48; Marcos 11: 15-19; João 2: 13:22). Porque Deus proibiu a Davi, servo fiel e amado, de construir seu templo, destinando tamanha tarefa a Salomão? (2 Samuel 7:1-16; 1 Reis 5:3-5; 8:17; 1 Crônicas 17:1-14; 22:6-10)


Devemos observar quando da construção do grande templo de Deus em Jerusalém, o Senhor dissera a Davi que o projeto ficaria a cargo do seu sucessor, Salomão, um filho cujas mãos não estavam manchadas de sangue, e que cuja mente e coração eram dignos de uma tarefa de tão alta importância. E aí, será que o templo de Deus não é tão importante?


Quantas vezes vamos à casa de Deus tristes, angustiados, desolados, e depois do culto saímos com o coração repleto de alegria, fé e contentamento. Será que nessa casa não está a presença do Senhor? Quantas vezes o coração do servo está como um bloco de gelo, sem fé, coragem para enfrentar os problemas e dúvidas geradoras de ansiedade, e o Senhor derrama sobre as nossas vidas brasas de santidade, reerguendo-nos pelo seu poder. Será que o poder de Deus não está nessa casa? Quantas vezes o homem se sente frágil, pecador e desnorteado, e o Senhor Deus o põe em pedaços para refazê-lo outra vez, como um oleiro faz um jarro? Será que Deus não renova as vidas daqueles que entram em sua casa?


Em carta aos romanos, Paulo revelou que “a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo” (RM 10:17), completando diz que “a fé se adquire pelo ouvir da palavra de Deus”. Por isso, agora sabemos que a fé se restaura pela pregação, quando ouvimos a palavra de Deus. Então, onde devemos estar para ouvirmos a palavra de Deus? Será que não é na casa do Senhor?
Pensem bem! O Espírito Santo de Deus nos revela a verdade da bíblia através das nossas vidas, do nosso sentir... Não há fundamento maior do que aquele implantado pelo Espírito Santo dentro do nosso coração.


Então, se entreguem a única verdade que nos salvará. Não alimente mentiras dentro do seu coração. Não construa sua casa sobre a areia, mas edifique-a na rocha, na palavra de Deus. Não tenha medo de conhecer o novo, mas se esconda da mentira. Não fundamente a sua razão contra os preceitos do Senhor, mas primeiro conheça e mude através da sua capacidade de perceber que erra.


Em fleches de lembranças, recordei-me perfeitamente da passagem bíblica quando Davi disse que: “Juntos andaríamos, juntos nos entreteríamos e iríamos com a multidão à Casa de Deus” (Salmo 55:14). Para ele a multidão deveria andar unida e entretida, cantando louvores, quando fosse para a casa de Deus. Davi assim entendia porque o espírito de Deus pairava sobre a sua vida e lhe dava entendimento.


Semelhantemente, o profeta Isaías alertava o povo para ir à casa de Deus. Deus o havia alertado, dizendo que: “também os levarei ao meu santo monte e os alegrarei na minha Casa de Oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar, porque a minha casa será chamada Casa de Oração para todos os povos. Assim diz o SENHOR Deus que congrega os dispersos de Israel: Ainda congregarei outros aos que já se acham reunidos” (Is 56:7-8).


Irmãos, embora devamos buscar a Deus em qualquer lugar do mundo: dentro das nossas casas, no caminho para o trabalho, na faculdade, no trabalho, no relacionamento com a família, com os amigos, essencialmente, também devemos renovar o nosso espírito de fé, verdade e aprendizado dentro da casa de Deus, pois Ele nos alcançará dia a dia pelo nosso entendimento em união.


Como poderemos professar mudanças, revelar testemunhos se não estivermos na casa de Deus? Como descobriremos a força da verdade se não estivermos em perfeita união?


Lembrem-se de que Jesus chamou o povo para segui-lo, para ouvir a palavra, para encher o coração da verdade que liberta o homem, e não os mandou que ficassem em suas casas, inertes, intactos, na mesmice e no comodismo. Temos que erguer as mãos e dizer: - eu quero mudança. Revelar para todos os nossos erros e manifestar a nossa vontade de querer ser melhor. Rasgar o nosso véu e dizer: - quero ser melhor, quero servir a Deus. Pisar em nossas vontades e servir a uma só verdade.


Para mudarmos é necessário seguir a palavra de Deus. E o mais importante: é necessário posicionamento próprio, transbordando o relevo da nossa vontade. Não basta abrir a boca. É necessário abrir o coração e seguir uma nova mudança de vida e atitude. Para isso, é necessário ir à casa de Deus e aprender, dia-a-dia, uma nova forma de viver e acreditar naquele que nos fortalece.



Por tudo isso, vamos à casa do Pai...

ORAÇÃO

Deus, não consintas que eu seja o carrasco que sangra as ovelhas, nem uma ovelha nas mãos dos algozes.

Ajuda-me a dizer sempre a verdade na presença dos fortes, e jamais dizer mentiras para ganhar os aplausos dos fracos.

Meu Deus! Se me deres a fortuna, não me tires a felicidade;

Se me deres a força, não me tires a sensatez;

Se me for dado prosperar, não permita que eu perca a modéstia, conservando apenas o orgulho da dignidade.

Ajuda-me a apreciar o outro lado das coisas, para não enxergar a traição dos adversários, nem acusá-los com maior severidade do que a mim mesmo.

Não me deixes ser atingido pela ilusão da glória quando bem sucedido e nem desesperado quando sentir insucesso.

Lembra-me que a experiência de um fracasso poderá proporcionar um progresso maior.

Ó Deus! Faz-me sentir que o perdão é maior índice da força, e que a vingança é prova de fraqueza. Se me tirares a fortuna, deixe-me a esperança.

Se me faltar a beleza da saúde, conforta-me com a graça da fé.

E quando me ferir a ingratidão e a incompreensão dos meus semelhantes, cria em minha alma a força da desculpa e do perdão.

E finalmente Senhor, te rogo, nunca Te esqueças de mim! Ainda que um dia o meu juízo possa se afastar de mim, não esqueça-me.